Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança.
De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo, e descubra o seu próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passa embaixo de sua janela.
Ponha intenção de quermesse em seus olhos, e beba licor de contos de fadas.
Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta, e do céu descesse uma névoa de borboletas cada qual trazendo uma pérola falante, a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem amores, é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e de repente parecer que , ela ainda faz sentido.”
Carlos Drummond de Andrade